terça-feira, janeiro 24, 2006

Pensamentos Escritos

Porque será que escrever, ao invés de falar, é a melhor maneira de transmitir aquilo que pensamos? Porque será que os nossos pensamentos fluem muito mais livremente em palavras, letras, que em sons?!

Quando tento dizer aquilo que penso, talvez pela entoação das palavras, talvez a quem sejam dirigidas, destroem o pensamento transmitido. Ainda só vou a meio de um longo discurso previamente pensado quando tudo se torna ora ridiculamente inutil, ora actualmente despropositado. Por vezes parece-me que falo demais, quando na verdade muitos dos meus pensamentos percorrem os neurónios até perderem a sua energia e deixarem de existir. Outras vezes sinto que falo "de menos" porque me fica sempre a sensação que devia ter dito algo mais, ter transmitido melhor aquilo que pensava.

A única maneira de obter satisfacção na transmissão d0s meus pensamentos é, realmente, escrevendo-os. Aí sei que lá estão, na sua essência, exceptuando os pensamentos e memórias imagiológicos (sendo uma pessoa de ciências e não de artes penso mais em palavras que em imagens). Escrevendo-os sei que geralmente não os dirijo a ninguém, não havendo represálias nem olhares reprovadores, nem ruido perturbador ou interrupções definitivas. E escrevendo-os coloco-os numa existência mais duradoira que a da preenchida memória, na qual apenas alguns acontecimentos e pensamentos perduram, sem depender tanto da minha vontade quanto eu desejaria. Assim, lendo o que escrevi, o que pensei, num passado mais ou menos remoto, posso aperceber-me daquilo que fui, daquilo que sou e daquilo que no passado pensei ou me aconteceu que me impele agora a pensar o que penso.

É por isto e pela vontade de partilhar os meus pensamentos que existem estes "Pensamentos Escritos"...