sexta-feira, setembro 26, 2003

Propinas no Ensino Superior Publico

Toda a gente tem direito a uma educacao, e o estado providencia uma educacao mi­nima obrigatoria e "gratuita". Gratuita - entre aspas - porque os alunos continuam a ter que comprar os livros, o material escolar, pagar os transportes, etc. Portanto o estado comeca a falhar desde ai.

Chegando ao ensino superior, de si ja limitado no seu acesso devido as vagas, sai­das, medias, interesse, localizacao das faculdades, etc. E a acrescentar a isso temos as propinas. Quem tenha dificuldades financeiras consegue, depois de tratar de imensa papelada, uma bolsa de estudo que os pode ajudar a suportar as despesas. Para alguns nao chega sequer para pagar o alojamento, ou os transportes, quanto mais a alimentacao, material, livros, etc.

Compreendo, tal como todos os meus colegas, a necessidade de algum capital que ajude a suportar os custos de manutencao da escola, ja que o dinheiro disponibilizado pelo estado nao e suficiente, uma vez que o pais esta em crise constante. Nao percebo e como o valor das propinas e igual para toda a gente. Enquanto para algumas familias nao custa muito disponibilizar os 450-800 euros (valores que rondam as propinas), para outras torna-se insuportavel. Lembremo-nos que o salario minimo esta a rondar os 300 e tal euros. Seriam necessarios dois meses de trabalho para uma pessoa nessas condicoes pagar as propinas ao filho. Ou 4 meses, no caso de ter dois filhos no ensino superior. 4 meses durante os quais nao podia pagar as suas dividas mensais nem se alimentar. E obvio que ninguem consegue suportar isto nestas condicoes. Muito menos se estiverem desempregados (sao aos milhares o numero de desempregados no pais). A unica opcao e que os filhos arranjem um trabalho que possam conciliar com os estudos (note-se que tem que o fazer "ilegalmente" pois quem trabalha deixa de ter direito a  bolsa ou tem um valor mais baixo) ou desistirem do ensino superior, juntando-se ao grupo dos milhares de pessoas que nao tem formacao especifica onde e cada vez mais dificil encontrar um emprego com as condicoes minimas.

E incompreensivel que uma fami­lia que ganhe, por pessoa, uma media de 500 euros pague o mesmo que uma pessoa que nao chegue aos 100 euros e ainda tenha custos mensais mais elevados que a primeira. Cada caso e um caso. O que e um sacrificio para uns e um gesto insignificante para outros. Apenas acho que nao seria assim tao dificil dividir o sacrificio por todos, de maneira justa, de modo a que custasse pouco a cada um. E custar custa sempre, porque toda a gente preferia nao pagar nada.

Apostem na qualidade do ensino, sim sr, e com razao... mas nao apostem numa qualidade que so sera disfrutada pelas camadas sociais mais altas enquanto as mais baixas se enterram cada vez mais no desemprego e ma qualidade de vida. Apostem numa qualidade justa disfrutada por todos e assim sera aumentar a qualidade ao nivel nacional!

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